Sunday, April 22, 2007

Ano Polar Internacional

Ando Polar.
Não é própriamente do frio que me enregela as articulações ou do piaço que se instalou no sistema respiratório. Sinto arrepios na coluna vertebral, como se estivesse a ser possuído por uma estranha e desconhecida força. Há quem lhe chame intuição. Para intuir há que saber ler os sinais daquilo que nos rodeia. Por vezes pergunto-me se sei lê-los adequadamente. Terei intuição?
Desconfio que os arrepios que sinto sejam mais descargas eléctricas inconscientes do cérebro do que o efeito físico das baixas temperaturas deste fim de Inverno.
Experimento de vez em quando uma sensação de pés molhados, de desconforto genético, por vezes, de impotência.
O mar, por aqui, ainda não subiu como nas Tuvalu, para que sinta os pés molhados. Sou um animal que deveria sentir-se orgulhoso da sua espécie, mas por vezes e estranhamente, sinto-me desiludido. Sinto-me, simultaneamente impotente por não conseguir unir vontades, ou até mesmo alterar algumas das minhas vontades, de modo a reequilibrar o mundo. Ainda não chegaram pinguins aos Açores, ou mesmo a Fernando de Noronha, por isso, a minha sensação de frio não é resultado directo do degelo da Antártida.
Lisboa continua não sendo uma nova Veneza, para que, por empatia com a minha Capital, sinta o desconforto dos pés molhados. Mas sinto-me polar. Ah! Isso sinto-me!

Do Prof. Félix Rodrigues

Nota - 2007 é por inúmeras razões o Ano Polar Internacional, ou em português, aqui, onde está a ser lançado o Projecto Latitude 60 em Portugal.

No comments: