- Tens-me aprisionada,
E dizeis-me que me amais?
-Mesmo tendo-te amurada,
Não vedes os sinais?
-É amor, não desamor.
Cativar-te é o meu labor.
-Não quereis ser Vénus, a frívola,
Ou como Sedna, a frígida?
Tenho uma postura rígida,
Mas o teu amor não controla.
-Como poderei ter-te solta,
Entre machos de ar soturno,
Como Urano, Júpiter ou Saturno?
Só permito a Lua à tua volta.
-Sei que o meu amor não rima,
Como até o faz Plutão,
Quando o seu nome prima,
Em rimar com a paixão.
Sabei Senhora,
Que não é de hoje nem de agora,
Que este ar que tenho:
Austero e sobrecenho,
Não te quer humilhar,
Apenas te quer amar.
-Estes arrotos de luz que te dou,
Não são alívios de amante bruto e ciumento,
São memorandos de mim,
De mim, e do meu tormento:
-Todos os dias te olho,
E todos os dias me escondes a face;
-Todos os dias te aqueço,
E todos os dias me esqueces;
-Todos os dias te aquietas,
- Afinal, meu amo, que espécie de amor é o teu?
-É físico, mas não de Marte.
É leve como o nobre hélio mas não de Neptuno.
Suave como a luz que bate no teu rosto ao acordar.
É fértil como a Primavera que trazes no teu ventre.
Chamai-lhe senhora,
De amor heliofísico,
Que também é metafísico,
Por querer ser o Sol da tua vida,
Sem que alguma vez possa tocar-te.
Mas posso sempre:
Mas posso sempre:
Amar-te.
Poema do prof. Félix Rodrigues
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