Monday, April 30, 2007

PolarTREC e Latitude60!

PolarTREC é uma experiência educacional financiada pelo Arctic Research Consortium of the U.S., onde professores que leccionam níveis equivalentes ao primeiro e segundo ciclo do ensino básico português trabalham em conjunto com investigadores profissionais. O Objectivo desse projecto é promover o ensino das Ciências nesses níveis de ensino nos Estados Unidos da América.

Em Portugal, o Projecto Latitude60!, tem uma filosofia próxima desta iniciativa, só que muito menos dinheiro paea aplicar. De acordo com a página oficial deste projecto português "A Educação é um tema central no Ano Polar Internacional e em Portugal, um país que tem vivido de costas voltadas para as regiões polares" considerando-se que chegou o momento de ensinar às gerações mais novas a importância das regiões frias para o nosso planeta.

Pode ver o video das actividades do projecto PolarTREC em http://www.polartrec.com/video e as actividades em curso do Latitude60! em http://anopolar.no.sapo.pt/latitude60/index.html.

Clima solar: Tempestades solares previstas para Março de 2008

A NOAA - National Oceanic & Atmospheric Administration dos USA informou que se prevê um novo ciclo de tempestades solares, a começar em Março de 2008 e a terminar em finais de 2011 ou meados de 2012, que afectará as comunicações na Terra e porá em risco os astronautas que nessa altura se encontrem no espaço.
Essas tempestades, resultam de grandes ejecções de gases na coroa Solar, responsáveis pela emissão de grandes quantidades de cargas eléctricas que atingirão a ionosfera terrestre interferindo com aos campos magnéticos do Planeta.
Este fenómeno provoca interferências nas comunicações e no abastecimento de energia eléctrica nas elevadas latitudes, bem como nos satélites e sistemas de navegação GPS.
As tempestades solares também tem efeitos biológicos na medida em que poderão contribuir para expor as pessoas que se deslocam em voos de grande altitude, sobre as elevadas latitudes, a doses elevadas de radiação.
Linhas do Campo magnético solar através da atmosfera solar e interior do Sol (NASA/Marshall Space Flight Center)

Sunday, April 22, 2007

Ilha do Pico comemora dia da Terra com o filme "Uma verdade inconveniente"

A Ecoteca da ilha do Pico organizou, nos dias 20 e 21 de Abril de 2007, cinco sessões de apresentação do filme "Uma verdade inconveniente", seguida de debate em vários locais da ilha.
O Prof. Félix Rodrigues do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores foi convidado para dinamizar esse debate e proceder a alguns esclarecimentos sobre fenómenos relacionados com as Alterações Climáticas Globais e respectivos impactos nos sistemas naturais e sociais.
As duas primeiras sessões realizaram-se na Escola Básica Integrada e Secundária de São Roque do Pico, no dia 20 de Abril, com alunos do terceiro ciclo e posteriormente com alunos do ensino secundário.
O debate centrou-se na contribuição que cada pessoa poderia dar para mitigar os impactos das alterações climáticas globais. Apesar do contributo de cada um ser reduzido, o somatório desses contributos não o é.
Se pela ilha do Pico passasse a população mundial e cada pessoa levasse uma pequena pedrinha como recordação, a ilha desaparecia. Do mesmo modo, se pela ilha passasse a população mundial, onde cada um trouxesse uma pequena pedrinha, outra ilha seria construída. O contributo reduzido de cada um serve para construir o todo, ou para destruir o todo. É uma questão de escolha.
Na tarde do mesmo dia, 20 de Abril de 2007, a sessão comemorativa do Dia da Terra, decorreu na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, com alunos do ensino secundário.
Após a passagem de "Uma verdade inconveniente", foi realizado um pequeno inquérito, tendo-se verificado que a maioria dos presentes se demonstravam muito preocupados com as questões levantadas nesse documentário.
O debate centrou-se em torno das questões da globalização quer em termos ambientais quer em termos económicos. Numa economia de mercado, é o consumidor quem decide o sucesso ou o incesso de um produto. Foi acentuada a necessidade de associar as externalidades ambientais ao preço de um produto de forma a contribuir para um mercado justo e ambientalmente saudavel. O contributo de cada um para minorar os impactos das alterações climáticas globais pode passar por uma lógica de não desperdício e por uma escolha criteriosa dos produtos.

À noite do mesmo dia, assistiu-se a "Uma verdade inconveniente" nas instalações da Ecoteca do Pico, na Vila da Madalena. O debate circulou em torno da consciência e ética. Sem consciência ou ética ambiental é impossível contribuir eficazmente para o combate às Alterações Climáticas Globais ou equacionar medidas de mitigação capazes de fazer frente a essa realidade.
A consciência é o nosso guia, é a nossa bússola. Por vezes tentamos vacinar-nos contra ela, porque se esta estiver activa deixar-nos-á sem dormir até que sejamos capazes de tomar uma qualquer iniciativa.

Na manhã do dia 21 de Abril de 2007, a sessão realizou-se no auditório da sede de Bombeiros da Madalena, com alunos e docentes da Escola Profissional do Pico.
O debate centrou-se na coragem política para a implementação de políticas ambientais para garantir a sustentabilidade ambiental e o combate às Alterações Climáticas Globais. A coragem política é directamente proporcional ao número de votos, daí que parte da acção individual se pode centrar numa escolha correcta dos projectos colocados a sufrágio pelos políticos. Tal participação exige do cidadão uma cidadania activa e uma constante formação.

O slogan das actividades levadas a cabo no Pico, na comemoração do dia da Terra, poderia ter sido:

"Não se vacine contra a sua consciência: A Terra necessita de si."
Nestas comemorações participaram mais do que 400 pessoas e todas as escolas participantes eram eco-escolas.
Para mais informações sobre o filme "An inconvenient truth" consulte http://www.climatecrisis.net/.

Carnaval Polar

Disfarcei-me de avestruz,
Para enterrar a cabeça na areia,
Por isso nunca supus,
Que fosse uma grande asneira.

Não vi o mar a subir,
Nem o ar a escassear,
Nem tão pouco pude sentir,
O urso polar a agonizar.
do prof. Félix Rodrigues

Ano Polar Internacional

Ando Polar.
Não é própriamente do frio que me enregela as articulações ou do piaço que se instalou no sistema respiratório. Sinto arrepios na coluna vertebral, como se estivesse a ser possuído por uma estranha e desconhecida força. Há quem lhe chame intuição. Para intuir há que saber ler os sinais daquilo que nos rodeia. Por vezes pergunto-me se sei lê-los adequadamente. Terei intuição?
Desconfio que os arrepios que sinto sejam mais descargas eléctricas inconscientes do cérebro do que o efeito físico das baixas temperaturas deste fim de Inverno.
Experimento de vez em quando uma sensação de pés molhados, de desconforto genético, por vezes, de impotência.
O mar, por aqui, ainda não subiu como nas Tuvalu, para que sinta os pés molhados. Sou um animal que deveria sentir-se orgulhoso da sua espécie, mas por vezes e estranhamente, sinto-me desiludido. Sinto-me, simultaneamente impotente por não conseguir unir vontades, ou até mesmo alterar algumas das minhas vontades, de modo a reequilibrar o mundo. Ainda não chegaram pinguins aos Açores, ou mesmo a Fernando de Noronha, por isso, a minha sensação de frio não é resultado directo do degelo da Antártida.
Lisboa continua não sendo uma nova Veneza, para que, por empatia com a minha Capital, sinta o desconforto dos pés molhados. Mas sinto-me polar. Ah! Isso sinto-me!

Do Prof. Félix Rodrigues

Nota - 2007 é por inúmeras razões o Ano Polar Internacional, ou em português, aqui, onde está a ser lançado o Projecto Latitude 60 em Portugal.

Tuesday, April 10, 2007

Amor Heliofísico

- Tens-me aprisionada,
E dizeis-me que me amais?

-Mesmo tendo-te amurada,
Não vedes os sinais?

-É amor, não desamor.
Cativar-te é o meu labor.
-Não quereis ser Vénus, a frívola,
Ou como Sedna, a frígida?
Tenho uma postura rígida,
Mas o teu amor não controla.

-Como poderei ter-te solta,
Entre machos de ar soturno,
Como Urano, Júpiter ou Saturno?
Só permito a Lua à tua volta.

-Sei que o meu amor não rima,
Como até o faz Plutão,
Quando o seu nome prima,
Em rimar com a paixão.

Sabei Senhora,
Que não é de hoje nem de agora,

Que este ar que tenho:

Austero e sobrecenho,
Não te quer humilhar,
Apenas te quer amar.


-Estes arrotos de luz que te dou,
Não são alívios de amante bruto e ciumento,
São memorandos de mim,
De mim, e do meu tormento:
-Todos os dias te olho,
E todos os dias me escondes a face;
-Todos os dias te aqueço,
E todos os dias me esqueces;
-Todos os dias te aquietas,
Enquanto me desgasto e desfaço.



- Afinal, meu amo, que espécie de amor é o teu?


-É físico, mas não de Marte.
É leve como o nobre hélio mas não de Neptuno.
Suave como a luz que bate no teu rosto ao acordar.
É fértil como a Primavera que trazes no teu ventre.
Chamai-lhe senhora,
De amor heliofísico,
Que também é metafísico,
Por querer ser o Sol da tua vida,
Sem que alguma vez possa tocar-te.
Mas posso sempre:
Amar-te.



Poema do prof. Félix Rodrigues

Ano Heliofísico Internacional

O Professor Miguel Ferreira, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, doutorado em Astrofísica, explica porque é importante a comemoração do Ano Heliofísico Internacional.
Em que consiste o Ano Heliofísico Internacional?
As pessoas têm a ideia que o Sol nasce de manhã, depois desce e põe-se, sempre da mesma forma. O que acontece é que o Sol tem uma actividade muito dinâmica, interage com o meio que o rodeia. Essa interacção dá-se porque o Sol se expande na forma de um vento que pode atingir a Terra. Isto provoca vários fenómenos, alguns com consequências inócuas, como são as auroras boreais, mas também com influências mais concretas. Existe aquilo a que chamamos tempestades, que podem danificar satélites, são perigosas para os astronautas, que naquela altura estiverem a dar um passeio pelo espaço e, em grandes altitudes, já houve casos em que foram danificadas centrais eléctricas.
Estamos a falar de um fenómeno natural…?
São fenómenos naturais. Da mesma forma que a Terra tem sismos, também no Sol existe necessidade de libertar energia. Hoje em dia fala-se em previsão do tempo. Em vez de o fazermos na Terra, queremos fazê-lo no espaço. Numa escala de tempo alargada queremos falar numa climatologia espacial. Em termos históricos há uma ligação entre as pequenas idades do gelo e os ciclos solares.
Como se podem prevenir os estragos provocados por estas tempestades solares?
A baixas altitudes não se pode dizer que exista um grande impacto. A situação mais complicada é com os satélites de comunicação, de investigação… é quase como levar com uma grande dose de raios X. Com esta iniciativa internacional, pretende-se ajudar a perceber melhor esse fenómeno. O que sabemos é que existem períodos mais activos e mais calmos da actividade magnética solar.

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA.

De que forma o vento solar afecta a Terra?
A Terra tem uma magnetosfera. O vento solar empurra-a e distorce-a. Quando há uma tempestade altera-se todo o equilíbrio desta camada que protege o planeta.
O que acontece, em termos de clima, quando esse equilíbrio é perturbado?
Se observamos uma imagem do Sol, vemos manchas mais escuras. Essas manchas são as zonas de maior actividade magnética. Houve uma altura, no século dezasseis, em que os chineses verificaram que o Sol não apresentava manchas. Esse período coincidiu com uma pequena idade do gelo, com baixas temperaturas. Existe também outra teoria, segundo a qual a actividade do Sol afecta o que chamamos de raios cósmicos, que são partículas de outras estrelas, de galáxias activas e buracos negros, que chegam até à Terra. O fluxo de partículas depende da actividade solar. Há investigadores que sugerem que existe uma relação entre este fluxo e o processo de formação de nuvens, que afecta a luz solar e a quantidade de chuva no planeta.
Esta iniciativa pode ajudar a desenvolver conhecimento sobre esta área?
Sim. Um dos objectivos da comunidade científica é desenvolver esta área de investigação. O outro é divulgar a relação de interacção entre este astro e o planeta. O cidadão comum deve saber que o Sol não é estático. Depois, tem de perceber como a Terra está ligada ao Sol. Poucas pessoas saberiam que o Sol tem vento e tempestades.
O que se pretende com a realização, nos Açores, do Ano Heliofísico Internacional?
O que se pretende é juntar a Universidade dos Açores às comemorações internacionais. Já pensámos em algumas actividades, embora não estejam totalmente definidas, que vão desde a promoção de palestras, especialmente nas escolas, e tentar também fazer uma exposição do No Campus de Angra do Heroísmo, sito ao Pico da Urze. Existe a possibilidade de trazer até Angra do Heroísmo a exposição que o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto está a organizar sobre esta temática. Essa possibilidade é real ado que colaboro, em termos de investigação com esse centro.
(In Diário Insular)

Apresentação

Comemora-se em 2007, simultaneamente, o Ano Polar Internacional e o Ano Helifísico Internacional. É sobre estas temásticas que este blog do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores versa. Nele pretende-se dar conta de actividades e estratégias pedagógicas de divulgação levadas a cabo pelo Departamento nessas duas áreas, tanto em 2007 como nos anos subsequentes.